Bem, como o budismo eu entendo que o desejo tem uma parte central no que é a vida. Só que eu acho que a tentativa do budismo em eliminar ou controlar o desejo é no mínimo frustrante. Penso que não propriamente dominamos o desejo, mas sim este que nos domina, afinal, porque motivo iriamos desejar eliminar o desejo? É evidente que isso é contraditório. Talvez a pessoa chegue à conclusão de que o seu desejo lhe traz sofrimento; mas na verdade, qualquer um pode ver, o sofrimento não é por causa do desejo, mas sim pela não realização do desejo ou algo relacionado.
A conclusão é que passamos a vida inteira não querendo extinguir o desejo, mas desesperadamente tentando conciliar o desejo com a realidade, este é o resumo da novela. Como não conseguimos, verificamos que temos mecanismos psicológicos que procuram essa conciliação, como a fantasia. Por outro lado também podemos tentar modificar a realidade, o que é mais frustrante ainda por conta da nossa impotência.
Restaria se conformar, se esta fosse uma opção, mas como não é, afinal como dito acima o que desejamos não é a extinção mas a realização do desejo, não vejo por hora outra alternativa além do sofrimento mesmo.
Existe algo muito intrigante: algumas vezes é possível conciliar o desejo com a realidade, às vezes conseguimos algo que queremos, e o que acontece? Como é sabido de todos, deixamos de desejar aquilo.
Isto me faz pensar sobre a natureza do desejo. A minha primeira constatação é que não temos o controle sobre o que desejar, pois senão seria fácil, era apenas dirigir o desejo apenas para aquelas coisas que podemos possuir e não haveria mais sofrimento. Porém, não é isso o que acontece, então não podemos efetivamente dominar o desejo e nesse sentido somos passivos. Logo o desejo é algo que não podemos dominar que envolve algum objeto que normalmente não conseguimos possuir. Mas, se por algum golpe de sorte conseguimos esse objeto o desejo deixa de existir. Que sacanagem. Acho que depois vou pensar mais sobre isso.
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